Atletas refugiados fazem estreia histórica nos Jogos Paralímpicos no Rio (Acnur, 08/09/2016)

O nadador sírio Ibrahim Al-Hussein conduziu a Equipe de Atletas Paralímpicos Independentes no estádio do Maracanã e carregou a bandeira do Comitê Paralímpico Internacional.

Sob fortes aplausos, dois atletas paralímpicos, que enfrentaram o desafio adicional de terem sido forçados a se deslocar de seus países, fizeram história nesta quarta-feira (7) ao entrarem no consagrado estádio do Maracanã para a cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos 2016 no Rio de Janeiro.

O nadador sírio Ibrahim Al-Hussein lidera a inédita Equipe de Atletas Paralímpicos Independentes na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. © ACNUR/Benjamin Loyseau.
O nadador sírio Ibrahim Al-Hussein lidera a inédita Equipe de Atletas Paralímpicos Independentes na cerimônia de abertura dos Jogos Paralímpicos Rio 2016. © ACNUR/Benjamin Loyseau.

Ao som de vibrantes e entusiasmados gritos de apoio vindos da multidão, Ibrahim Al-Hussein liderou a inédita Equipe de Atletas Paralímpicos Independentes até a arena, portando a bandeira do Comitê Paralímpico Internacional.

Originalmente da Síria, Ibrahim costumava competir em campeonatos de natação locais e nacionais, mas sua carreira foi interrompida há cinco anos quando a guerra eclodiu na Síria.

Em 2013, após perder a parte inferior de sua perna direita devido em uma explosão, ele fugiu para a Turquia onde passou a maior parte do ano seguinte reaprendendo a andar. Em 2014, ele embarcou em um bote inflável para a Grécia, onde ele retomou seus treinos de natação.

“Estou muito feliz por ter sido escolhido para conduzir a bandeira. Esse está sendo um dos melhores momentos da minha vida.”

“Estou muito feliz por ter sido escolhido para conduzir a bandeira. Este está sendo um dos melhores momentos da minha vida”, disse Ibrahin Al-Hussein à Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) antes da cerimônia que foi acompanhada ao vivo por milhões de pessoas no mundo inteiro.

“Antes da guerra na Síria, eu sonhava em participar das olimpíadas. Depois do que aconteceu, e depois da minha lesão, eu resolvi seguir em frente e hoje estou nas Paralimpíadas. Eu continuei sonhando, e este momento é um dos melhores que já vivi na vida”, ele acrescentou.

Outro integrante da equipe é Shahrad Nasajpour, um atleta iraniano com paralisia cerebral que teve o seu pedido de refúgio concedido pelos Estados Unidos. Ele competirá no lançamento de discos, mas não quis compartilhar sua história por motivos pessoais.

A cerimônia teve início com uma contagem regressiva marcada pela manobra radical do atleta Aaron Wheelz que, sob uma cadeira de rodas, desceu em alta velocidade uma rampa com a altura de um prédio de seis andares e saltou através de um painel com o número zero, marcando o início dos Jogos com uma explosão de fogos de artifício.

Durante o desfile, voluntários posicionaram mais de 1.000 peças de um quebra-cabeça que formou um coração, representando o conceito-chave da cerimônia: “O coração não conhece limites. Todo mundo tem um coração”.

Antes da cerimônia de abertura, o Alto Comissário da Agência da ONU para Refugiados disse que estava “muito feliz por torcer por Ibrahim e Shahrad”.

“A Equipe de Atletas Paralímpicos Independentes é um símbolo da força e determinação para as pessoas refugiadas com deficiência em todo o mundo. Eles são um exemplo do que pode ser alcançado quando os refugiados com deficiência têm a oportunidade de seguir seus sonhos e desenvolver seus talentos”.

“Eles são um símbolo da força e determinação para as pessoas refugiadas com deficiência em todo o mundo.”

Os competidores estão seguindo os passos da amplamente celebrada Equipe Olímpica de Atletas Refugiados que fizeram história nos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Ainda que não tenham conquistado medalhas, os 10 atletas refugiados fizeram história nos Jogos Olímpicos Rio 2016, colocando a coragem e a perseverança dos refugiados e dos deslocados internos do mundo todo – uma população que já ultrapassa 65 milhões – sob os holofotes.

Nos Jogos Paralímpicos, Ibrahim irá competir nos 50 metros e 100 metros nado livre na classe S10, uma das 10 classes com base no grau de habilidade. Sua participação acontece menos de um ano depois que ele começou a nadar novamente, em outubro do ano passado, depois de uma pausa de cinco anos.

Em abril, Ibrahim conduziu a Tocha Olímpica dos Jogos Rio 2016 por um campo de refugiados em Atenas, um gesto simbólico para mostrar solidariedade aos refugiados de todo o mundo.

Reunião

A representante da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) no Brasil, Isabel Marquez, se reuniu com a equipe para demonstrar seu apoio aos atletas e parabenizá-los pela participação nos Jogos Paralímpicos Rio 2016, representando milhares de outros refugiados e solicitantes de refúgio com deficiências em todo mundo.

“Eles já são vitoriosos, pois conseguiram ultrapassar vários obstáculos e chegar até aqui. O fato de serem refugiados torna sua necessidade de proteção mais evidente. E para pessoas com necessidades especiais, isto é particularmente importante”.

Para Isabel, a equipe traz uma mensagem de esperança para os Jogos Paralímpicos. “Não importa o problema que as pessoas tenham na vida, continuem a fazer o que gostam”.

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