Brasil recebe milhares de refugiados que vêm de vários cantos do mundo

 (Jornal da Globo, 08/09/2015) Maior parte vem da Síria, Angola, Colômbia, Congo e Líbano. Conheça a história de alguns refugiados que vivem no Brasil

Neste ano o Brasil já recebeu 8,4 mil refugiados. É mais do que em todo o ano passado. Os dados são da Conare (Comissão Nacional para Refugiados) do Ministério da Justiça. Eles vêm de todo canto do mundo.

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A Síria é de onde vem a maior parte, seguida de Angola, Colômbia, Congo e Líbano. A violação de direitos humanos em seus países é o principal motivo que faz o refugiado buscar abrigo no Brasil. Depois vem perseguição política, reunião familiar, perseguição religiosa e perseguição por grupo social.

Nossos repórteres conversaram com essas pessoas que deixaram tudo pra trás em busca de uma nova chance no Brasil.

Sarah é a brasileirinha da família. Ela ainda não tinha nascido quando os dois irmãos, a mãe e o pai chegaram da Síria. Faz um ano e meio. Talal não cumprimenta a repórter Renata Ribeiro. Tocar uma mulher estranha é proibido para os muçulmanos.

Imagina quantas vezes por dia ele tem que explicar as diferenças culturais, a língua e principalmente a falta de dinheiro? Esses são enormes desafios, mas eles não queriam estar em outro lugar.

“Só o Brasil abriga sírios para viver sem documentos. Quero ficar com minha família. Não quero ir à Turquia e depois a minha família viajar para Europa não quero. Eu quero família. Melhor para mim e para eles”, conta Talal Al-Tinawi, refugiado sírio.

Das receitas de esfiha e kibe vendidos a um real no centro da cidade, eles vão sobrevivendo. E pensar que Talal é formado em engenharia mecânica.

“Nos vemos claramente que os sírios que nos procuram é gente qualificada. Em engenheiros mecânicos tem químico, bioquímico. Tem gente de uma qualificação incrível e gente que vai ter a possibilidade de contribuir para o crescimento do nosso país”, conta Marcelo Haydu, do ADUS (Instituto de Reintegração de Refugiados).

Na ONG que abriga refugiados. Não param de chegar e-mails oferecendo ajuda para os sírios. Desde a publicação da foto do menino afogado na praia.

Quem vem de outro país, fugindo de uma guerra, dá de cara com um mundo totalmente diferente e, ao mesmo tempo, precisa reaprender muitas coisas, até fazer um simples arroz com feijão.

É o que o Khaled vai aprender neste curso em Porto Alegre. Ele é sírio, já foi chef de restaurantes e agora virou aluno. Buscou refúgio em outros países, mas o sim só veio do Brasil.

Além dele, imigrantes do Haiti e do Senegal também estão neste curso em busca de uma nova chance.

“Eu gosto de aprender receitas brasileiras, que eu trabalho na cozinha francesa, na cozinha italiana, na cozinha árabe”, conta o refugiado Khaled Adbdulraheenaldos.

O português ele ainda não domina. “Muito difícil, mas eu tento porque eu preciso”.

“O refugiado é aquele que foi obrigado a sair do país. Ele não saiu apenas em busca de uma oportunidade melhor de vida assim como todos nós buscamos ele saiu em busca de uma oportunidade de viver uma oportunidade de se manter vivo”, explica Humberto Vasconcelos, secretário nacional de Justiça e presidente do Conare (Comitê Nacional para Refugiados).

Renata Ribeiro / Giulia Perachi

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