Refugiados vão ao teatro conferir peça sobre Dom Quixote

(ADUS, 16/10/2014) Em comemoração aos 50 anos do Teatro do Sesi na Avenida Paulista, a história do sonhador Dom Quixote de La Mancha e seu fiel escudeiro Sancho Pança foi adaptada para o musical pelo diretor Miguel Falabella. O Adus levou, em parceria com o Afroreggae, refugiados a uma das apresentações sobre as aventuras da dupla.

E se engana quem pensa que teatro é apenas para quem entende perfeitamente o português. A congolesa Mammy, que vive no Brasil há menos de seis meses, não domina totalmente a língua, mas mesmo assim, não faltaram gargalhadas durante as loucuras do personagem principal. No fim, quando perguntada sobre o que tinha achado da peça, Mammy, com os olhos brilhando de alegria, foi logo dizendo, sem nem pensar: “Gostei muito, muito mesmo. Maravilhoso!”.

Perguntados sobre o que acharam mais legal na peça, os irmãos sírios Yara, de 9 anos, e Riad, de 11 anos, não conseguiam decidir. “Gostei de tudo no teatro, mas o que eu mais gosto são as roupas”, disse Yara, depois de uma longa reflexão para destacar um dos pontos.

Além da possibilidade de treinarem a língua, o encontro também permitiu uma integração entre nacionalidades, garantindo com que, dessa forma, todo mundo aprenda um pouco mais sobre a cultura do outro. Os únicos que estavam indo ao teatro no Brasil pela primeira vez era o casal sírio Noura e Yones. Assim como Mammy, eles ainda não falam bem o português, mas Noura também só tinha elogios a fazer.

Com a ajuda da tradução árabe-português do sírio Talal, que vive há quase um ano no Brasil, Noura e Yones contaram que os teatros e pequenos cinemas já não existem mais na Síria, mas que a comédia era o gênero mais popular no país. “A comédia é muito vista, porque, com a guerra, precisamos de alegria. Mas agora só restaram os grandes cinemas”, conta Talal.

Da mesma forma, a alegria das confusões de Dom Quixote colocaram de lado as preocupações com o país de origem, onde familiares e amigos ainda sofrem, diretamente, as consequências da guerra. E mais: a mensagem de Dom Quixote, que sempre sonhou com um mundo melhor e mais justo, ficou no coração de cada um.

Texto: Jéssica Cruz

Acesse no site de origem: A universalidade dos sonhos (ADUS, 16/10/2014)