Sírios refugiados tentam aprender português e conseguir emprego no RJ
(G1/Rio de Janeiro, 15/09/2015) Clima de hospitalidade agradou estrangeiros. Associação que recebe refugiados no Rio precisa de doações
Mais de 100 sírios chegaram ao Rio neste ano. São cidadãos que fugiram da guerra e tentam reconstruir a vida na cidade. Muitos vieram com toda a família e ainda estão tentando aprender o português, conseguir emprego e um lugar para morar. Como mostrou o RJTV desta terça-feira (15), eles são ajudados pela Associação Cáritas, que recebe refugiados de 60 países.
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A família de Ibrahim conseguiu fugir da guerra entre grupos rebeldes e as forças de segurança do presidente da Síria, Bashar Al-Assad, e chegou ao Brasil no fim de 2014.
“Várias vezes ouvi bombas. Sempre não tem energia, água, várias vezes cortam a água. Várias vezes a guerra começa jogando bomba. Até deixei minha casa lá, não sei se ela foi roubada ou destruída, não sei. A gente deixou casa, tudo”, disse Ibrahim.
Ele e o irmão mais velho vieram primeiro. Eles fugiram da Síria para o Líbano, onde ficaram trabalhando durante seis meses, e logo após foram para São Paulo. Entretanto, foi em Brasília que conseguiram asilo no país.
Após arrumarem um apartamento para morarem no Rio, os pais e o irmão mais novo vieram para o Brasil também. Para conseguir dinheiro, eles vendem comida árabe em uma barraca, em Botafogo. “Nós estamos trabalhando fazendo comida, esfiha, quibe e falafel. Você conhece o que é falafel? É uma comida árabe. Aqui não é todo mundo que conhece”, disse ele.
O irmão de Ibrahim contou que fazia parte do exército da Síria. Ele chegou a ser atingido por dois tiros e estilhaços de uma bomba, mas conseguiu se salvar. Foram cinco dias andando até pegar um ônibus e cruzar a fronteira com a Turquia. “Muito complicado, não tem palavra pra explicar. Andei cinco dias para pegar um ônibus”, disse o irmão.
A família não pensa em voltar para a Síria, mesmo que a guerra acabe. Entretanto, não sabe onde vão morar, porque o dono do apartamento pediu o imóvel de volta. “O segundo problema é que aqui tem dois jeitos de pagar aluguel, ou depósito ou fiador, e esses dois eu não tenho. Essa coisa (sic) de casa é mais importante agora, estou precisando demais”, disse o sírio.
Dentre os refugiados recebidos pela Associação Cáritas, 198 são sírios, mais que o dobro de todo o ano passado. Na instituição, eles recebem orientação para trabalho, moradia e fazem planos para o futuro no Brasil.
Mohammed tem 31 anos, é casado e tem dois filhos pequenos. Ele trabalhava como arquiteto na Síria e chegou ao Rio há quinze dias. Apesar do pouco tempo na cidade, ele já está tentando aprender o português. A língua é a maior barreira para os sírios que chegam ao Brasil.
Mohammed está em busca de um trabalho e sentiu que o Brasil é um lugar seguro para criar os filhos e cuidar da família. O que ele mais gostou aqui foi do clima de hospitalidade. “Bem vindo. Obrigada. Muito obrigado”, Mohammed mostrou que já sabe um pouco de português.
A Associação que recebe os refugiados precisa de doações de leite, fraldas, colchões, roupas de cama e roupas de frio. Mais informações através do telefone 2567-4105.
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