Em cartaz em São Paulo, peças refletem sobre guerra e refúgio
Por Géssica Brandino
Até o final do mês, estão em cartaz em São Paulo duas peças sobre o cotidiano da guerra e suas consequências. “Nomes para furacões”, do Grupo Pandora de Teatro e “São Paulo Refúgio”, da cia Perfomatron, abordam de forma diferente uma mesma temática: a realidade do refúgio e os múltiplos caminhos a serem trilhados para recomeçar.
Com dramaturgia de Lucas Vitorino, “Nomes para furacões” foi criada a partir do pensamento de de Zygmunt Bauman na obra “Estranhos à nossa porta” e de amplo estudo do grupo sobre a temática dos deslocamentos. A montagem conta a história de Alice e seu pai em meio a guerra num país que não se sabe qual. Poderia ser qualquer um daqueles em conflito no mundo, que já geraram mais de 65 milhões de deslocados forçados, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur).
“O título da peça evoca a prática de nomear algo que está além do que entendemos como humano, uma necessidade de humanizar algo que vai além da nossa compreensão”, define o grupo. O enredo provoca e perturba, traz reflexões sobre a violência praticada por aqueles que fazem os conflitos, personalizada em dois soldados. A problematização sobre a violência de gênero também é colocada em cena, assim como a negligência global perante às mortes no mar mediterrâneo e o ciclo da guerra.
A relação entre Alice e seu pai e os encontros e desencontros entre ambos trazem à tona o drama da separação familiar vivenciada por inúmeros refugiados. A falta de recursos e a urgência para partir fazem com que muitos sejam obrigados a deixar a família para trás, sem saber ao certo quando será o reencontro.
O recomeço, o desafio de cruzar a fronteira e todos os desafios impostos por essa realidade também estão no enredo da peça “São Paulo Refúgio”, teatro documentário de Conrado Dress, que conta por meio de cartas e depoimentos a vivência de refugiados de diferentes nacionalidades que chegaram ao Brasil.
A peça conta com a participação especial do refugiado Tresor Muteba e provoca o público a pensar nos estereótipos construídos sobre quem são os refugiados, especialmente sobre o sensacionalismo midiático.
Com recursos diversos, os dois espetáculos cumprem o papel de aproximar o olhar para uma realidade que poderia ser vivenciada por qualquer pessoa e pensar na responsabilidade de cada cidadão em dar uma resposta para que cada refugiado e migrante receba acolhimento digno para recomeçar.
Serviço:
Nome para Furacões – Grupo Pandora de Teatro
Em cartaz até 27 de Agosto
Sábados às 20h e Domingos às 19h
Entrada: Pague Quanto Puder
Local: Espaço Companhia do Feijão (Rua Dr. Teodoro Baima, 68. República)
Duração: 100 min | 80 Lugares.
Classificação etária: 12 anos
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São Paulo Refúgio – Performatron
Em cartaz até 27 de agosto
QUI, SEX e SAB, às 21h e DOM, às 20h.
Entrada: R$20 (Inteira) / R$10 (Meia) – pagamento somente em dinheiro
Local: FUNARTE SP | Sala Carlos Miranda (Alameda Nothmann, 1058)
Duração: 80 min | 60 Lugares.
Classificação etária: 14 anos
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