Crianças representam metade dos refugiados (CartaCapital, 07/09/2016)
Cerca de 50 milhões de crianças vivem longe de seus locais de origem, são obrigadas a fugir da violência ou migrar em busca de oportunidades, de acordo com o relatório “Desenraizados”, divulgado nesta quarta-feira (07/09) pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
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Mais da metade desses menores foi afastada de seus lares devido a guerras e perseguições: 11 milhões são refugiados e solicitantes de asilo, o dobro do registrado em 2005, enquanto 17 milhões estão deslocados em seus próprios países, em razão de conflitos.
O Unicef também contabiliza 31 milhões de crianças migrantes que buscam melhores condições de vida no exterior, um aumento de 11% em relação a dez anos atrás.
“Esta é uma crise crescente que o mundo enfrenta na Ásia, América, região do Mediterrâneo e dentro de alguns países”, declarou o diretor-executivo adjunto do Unicef, Justin Forsyth. “Gostaríamos de ver comprometimentos claros e medidas práticas dos governos.”
No relatório, a agência da ONU exige ações concretas dos governos para ampliar a proteção infantil. Entre as medidas exigidas, estão acabar com a detenção de menores migrantes, manter as famílias unidas para eles sejam protegidos e garantir o acesso à educação. Do total de crianças refugiadas no mundo, 45% são da Síria e Afeganistão, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados.
“Elas deveriam ser tratadas como crianças”, afirmou Ted Chaiban, diretor de programas do Unicef. “Elas merecem ser protegidas, precisam ter acesso a serviços como a educação.”
Os principais riscos que as crianças refugiadas correm são: afogamento durante travessias marítimas, má nutrição, desidratação, sequestros, estupro e assassinato. Quando conseguem chegar a outro país, enfrentam discriminação e xenofobia, destaca a pesquisa.
Refugiados em perigo
Os menores de idade representam quase metade de todos os refugiados no mundo, uma “porcentagem desproporcional e crescente”, segundo o Unicef. O número dos que cruzam as fronteiras sozinhos não para de aumentar: apenas em 2015 cerca de 100 mil crianças desacompanhadas solicitaram asilo em 78 países, o triplo do registrado em 2014.
Our groundbreaking report on global childhood migration and displacement: https://t.co/n92qsMlSd0 #ChildrenUprooted pic.twitter.com/TmgRA3HXtJ
— UNICEF (@UNICEF) 7 de setembro de 2016
De acordo com o fundo da ONU, menores que viajam sem companhia estão expostos a explorações e abusos por parte de contrabandistas e traficantes de pessoas. Além disso, os refugiados têm cinco vezes mais probabilidade de não frequentar a escola em relação a seus coetâneos.
Os dez países que mais acolhem refugiados estão na Ásia e África, com a Turquia liderando a lista. “Muitos governos da Europa acham que esta é uma crise arrasadora, mas é importante lembrar que a maior carga é assumida por países da região onde se produzem as crises”, explicou Justin Forsyth, do programa das Nações Unidas.
O relatório do Unicef também chama a atenção para as 6,3 milhões de crianças migrantes que vivem no continente americano e representam 21% do total mundial. A maioria vive nos Estados Unidos, México e Canadá. De acordo com o fundo, um “alto e crescente número de crianças vulneráveis” está se deslocando dentro do continente, fugindo da violência em seus lares e comunidades.
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