II Copa dos Refugiados chega ao fim em São Paulo com celebração e mensagem aos brasileiros
(ACNUR, 11/08/2015) O sol brilhou forte na capital paulista no último sábado (8 de agosto), durante o encerramento da segunda edição da Copa dos Refugiados. O dia foi marcado pelos jogos das semifinais e finais do evento, realizados no Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador (CERET), no bairro do Tatuapé. Dezoito seleções disputaram o troféu conquistado por Camarões, mas os principais legados do torneio foram a confraternização cultural e a sensibilização da comunidade brasileira sobre o tema do refúgio.
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José Pelé Messa vive há dois anos no Brasil e integra a comissão organizadora da Copa. Para ele, o que a experiência traz de mais importante é a visibilidade. “Queremos que o povo brasileiro saiba o que é o refúgio, saiba que encontramos problemas em nossos países e fomos obrigados a fugir para salvar nossas vidas”, explica Messa. Ele conta que entre os refugiados é muito recorrente ter tido que deixar tudo para trás por conta de perseguições políticas, religiosas e outras tantas situações em que a vida se encontrava em risco.
Messa destacou ainda a união da comunidade de refugiados para a concretização do evento e o importante apoio de parceiros como o Centro de Acolhida para Refugiados da Caritas Arquidiocesana de São Paulo, Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Prefeitura Municipal de São Paulo, Colégio São Luis, Cruz Vermelha, Serviço Social do Comércio (SESC), Sindibast, UGT, Colégio Espírito Santo, Da Veiga Corretora de Seguros, Irmãs Missionárias do Espirito Santo e Paróquia Cristo Rei – Tatuapé.
Ao todo, o torneio reuniu aproximadamente 270 jogadores entre os dias 1º e 8 de agosto. No primeiro jogo da semifinal, a equipe de Camarões venceu a Nigéria por 1 a 0, um placar apertado que reeditou a final de 2014 – na ocasião, vencida pelos nigerianos. Em seguida, a República Democrática do Congo carimbou sua credencial para a final, vencendo a Costa do Marfim nos pênaltis depois de um jogo sem gols.
Com os finalistas conhecidos, o período da tarde foi marcado pela definição do terceiro colocado e a grande final. O terceiro lugar ficou com os nigerianos, que venceram a Costa do Marfim nos pênaltis, depois do 0 a 0 registrado no tempo normal. Com os troféus expostos à beira do campo e olhares atentos do público presente, Camarões e Congo tentavam, a cada lance, inaugurar o marcador. Os camaroneses marcaram dois gols nos primeiros minutos da partida, e o time do Congo diminuiu o placar ao final do primeiro tempo. Camarões administrou o placar até o fim, conquistando a segunda edição da Copa dos Refugiados.
Mensagem, agradecimento e acolhida – O capitão da equipe do Camarões, Nouga George, lembrou do empenho da equipe desde a primeira edição, quando foram derrotados pelos nigerianos na final: “perdemos para a Nigéria no ano passado, nos pênaltis, mas neste ano viemos para ganhar, desde o começo sabíamos que era possível vencer”, destaca o camisa dez. Os camaroneses celebraram com cantos, abraços e confraternização, indicando que o evento ia além de ganhar ou perder uma partida de futebol.
O secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy, assistiu à final da Copa dos Refugiados e elogiou os atletas, lembrando que alguns disputam campeonatos amadores em equipes de São Paulo. “O principal aqui é o papel confraternizador do esporte, sobretudo o futebol, que por diversas vezes foi meio de divulgação de mensagens de paz e harmonia”, afirmou Suplicy.
Mensagem percebida também nas palavras do jovem Denílson Pedro, de 18 anos, jogador da equipe do Congo. “A união faz do mundo um lugar melhor”, disse ele ao final do campeonato. Apesar de lamentar a derrota, Pedro enalteceu a caminhada vitoriosa de seu time e os gols marcados na vida, sobretudo a acolhida recebida por aqui. “Não tenho família no Brasil, mas tenho meus amigos do futebol e da igreja. Faço questão de mandar um abraço para eles porque me receberam bem, me acolheram com carinho e sempre me ajudam. Que venha a próxima copa”, disse Pedro.
Por Nilton Carvalho, de São Paulo.
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