IPEA lança livro sobre refugiados recebidos pelo Brasil em quase vinte anos
O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançou hoje o livro Refúgio no Brasil: caracterização dos perfis sociodemográficos dos refugiados, que analisa 4.150 concessões de refúgio acolhidas pelo governo brasileiro entre 1998 e 2014, reunindo informações como país de origem, idade, sexo, motivos para a vinda ao Brasil, ocupação principal e idiomas falados.
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Perfil
De acordo com o Ipea, nos últimos 17 anos, os sírios (22,7%), angolanos (14%), colombianos (10,9%), congoleses (10,4%) e libaneses (5,1%) foram as principais nacionalidades de refugiados reconhecidos pelo Comitê Nacional para Refugiados, o Conare. A maioria é formada por homens (73%), adultos (80,2%), entre 18 e 59 anos, e solteiros (60,9%). Os casados ou com união estável correspondem a 35,9%.
Cerca de 70% declararam ter vindo de forma regular ao Brasil. Porém, somente 56% afirmaram saber que o Brasil era o país de destino, o que acontece no caso de muitos refugiados vindos em navios de países africanos.
Acesso às políticas públicas
Até 2011, o país deferia, em média, 180 solicitações de refúgio por ano. Esse número começou a subir em 2012, chegando, em 2015, a um total de 7.662 deferimentos concedidos a pessoas de 81 nacionalidades ‒ correspondendo a 2,1% da população refugiada na América Latina e no Caribe.
Apesar de a idade ser um fator que pode facilitar a inserção dessas pessoas no mercado de trabalho, os idiomas ainda são uma barreira: apenas 21% dos titulares declararam falar o português no momento da solicitação de refúgio. Entre os idiomas mais falados estão o árabe, o inglês, o francês, o espanhol e o lingala (língua bantu, proveniente da República Democrática do Congo).
Cidades de residência no Brasil
São Paulo, Rio de Janeiro, Guarulhos, Santos e Foz do Iguaçu são as principais cidades brasileiras de chegada de refugiados pela via da elegibilidade, reunindo 80% dos casos. Entre as cidades de residência, por sua vez, São Paulo permanece como destino mais escolhido, seguido de Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Guarulhos e Brasília.
Quando se observa a nacionalidade, há peculiaridades quanto às cidades de entrada dos refugiados no Brasil. No caso dos colombianos, por exemplo, a região Norte é a principal porta de entrada. Já os libaneses entram pela região Sul, sobressaindo-se o estado do Paraná, em 52,7% dos casos.
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