Enviada Especial do ACNUR, Angelina Jolie visita o Iraque e convoca líderes internacionais para acabar com sofrimento

(ACNUR, 30/01/2015) A Enviada Especial da Agência de Refugiados da ONU (ACNUR), Angelina Jolie, esteve esta semana na cidade iraquiana de Dohuk para visitar refugiados sírios e cidadãos iraquianos deslocados pela recente onda de violência no país, e que se encontram atualmente na região do Curdistão iraquiano.

Jolie ofereceu seu apoio aos 3,3 milhões de pessoas deslocadas no país e destacou suas necessidades prementes. Desde sua última visita ao Iraque, em setembro de 2012, a escala e a gravidade da situação humanitária têm aumentado dramaticamente no país, à medida que os conflitos na Síria e no Iraque se intensificam e tornam-se interligados.

“É chocante ver como a situação humanitária no Iraque se deteriorou desde 2012. Além de um grande número de refugiados sírios, dois milhões de iraquianos foram deslocados pela violência só em 2014. Muitas dessas pessoas inocentes foram forçadas a se deslocar várias vezes enquanto buscavam segurança em meio a uma situação de instabilidade”, disse Jolie, durante sua visita.

Embora uma maciça resposta humanitária esteja sendo dada pelo ACNUR e seus parceiros, um número estimado de 330 mil pessoas em todo o país ainda vive em abrigos improvisados, e agora enfrentam seu primeiro inverno longe de casa.

No último domingo, Angelina Jolie visitou deslocados internos iraquianos que vivem em um assentamento informal e também um acampamento em Khanke, a 40 minutos de Dohuk. Os dois lugares acomodam juntos mais de 20 mil pessoas da minoria Yazidi, que fugiram de Sinjar e áreas adjacentes no início de agosto. Jolie falou com as pessoas e escutou suas histórias dramáticas de fuga, incluindo aquelas que conseguiram se livrar se seus perseguidores caminhando durante a noite e se escondendo durante o dia. Ela também se reuniu com mulheres idosas que estavam entre os 196 Yazidis recentemente libertados pelos insurgentes do Estado Islâmico e que agora vivem no assentamento informal em Khanke.

As mulheres relataram cenas de sequestro, detenção, fuga e libertação. Jolie ouviu as histórias de extrema dificuldade e perdas, inclusive de pessoas que ainda têm filhos, maridos e filhas detidas, e outras cujas filhas foram transferidas para a Síria. Outras tinham perdido todo o contato com seus entes queridos e não tinham ideia de seu destino.

“Nada pode te prepara para as histórias horríveis desses sobreviventes de sequestro, abuso e exploração e para ver que nem todos podem obter a ajuda urgente de que necessitam e merecem”, disse Jolie. “As necessidades superam drasticamente os recursos disponíveis nesta imensa crise. É necessário muito mais ajuda internacional”, acrescentou a Enviada Especial do ACNUR.

Os déficits de financiamento têm afetado a escala e os tipos de programas executados no Iraque para ajudar os sobreviventes de violência e abusos dos direitos humanos, bem como para o fornecimento de abrigo e outros tipos de assistência.

Enquanto grande parte da ajuda é fornecida pelo governo, pelo ACNUR e seus parceiros (incluindo 34 novos campos, construídos ou em construção, nos últimos seis meses), as operações de ajuda são dificultadas pela falta de financiamento internacional e restrições de segurança.

O ACNUR, por exemplo, recebeu apenas 53% US$ 337 milhões necessários para suas ações humanitárias em prol dos deslocados internos no Iraque durante 2014. A agência recebeu dos seus doadores o sinal verde para financiar apenas 31% dos projetos previstos para 2015 (cerca de US$ 556 milhões de dólares).

A região do Curdistão do Iraque abriga cerca de 900 mil pessoas deslocadas, colocando uma enorme pressão sobre as comunidades de acolhida, autoridades e infraestrutura local.

O grande fluxo de pessoas de Mosul e Sinjar, entre junho e agosto 2014, causou um atraso de três meses no início do ano letivo, visto que mais de 700 escolas públicas de Dohuk foram ocupadas pela população deslocada. Estima-se que 20% dos 05 milhões de pessoas que vivem Curdistão iraquiano são nacionais do próprio Iraque deslocados pelos conflitos com o Estado Islâmico ou refugiados – que vieram de outros países em conflito.

“Estou muito grata às autoridades curdas por hospedarem iraquianos deslocados ao lado de refugiados sírios, no momento em que ambos enfrentam tantos desafios”, disse a enviada especial.

Jolie retornou ao acampamento de Domiz, visitado em setembro de 2012 e que agora abriga mais de 50 mil refugiados sírios (cerca de 20% de todos os refugiados sírios vivendo no Iraque, estimados em 233 mil). Por isso, Domiz é hoje o maior campo de refugiados sírios no Iraque. Em 2012, quando Jolie visitou o campo pela primeira vez, sua população era de aproximadamente 8,5 mil pessoas.

Sobre o fato de o conflito na Síria se aproximar do seu quinto ano, Jolie disse que esta guerra “está na raiz de muitos dos problemas enfrentados no Iraque e em toda a região”. Para ela, “há uma necessidade urgente de que líderes internacionais ajudem a romper o ciclo de violência na Síria, e avançar em direção a um acordo de paz justo e sustentável”.

Esta é a quinta visita de Jolie ao Iraque e a sexta aos refugiados sírios na região. “Muitas pessoas inocentes estão pagando o preço do conflito na Síria e da propagação do extremismo”, disse Jolie.

Mais de 3,8 milhões de sírios fugiram para os países vizinhos da Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito. Outros 7,6 milhões de sírios estão deslocados no interior do país.

Há cerca de 3,1 milhões de iraquianos internamente deslocados em todo o país, incluindo um milhão de pessoas que tinham sido deslocadas entre 2003 e 2013 e 2,1 milhões de pessoas que foram deslocadas em 2014.

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