São Paulo se prepara para receber IV Copa dos Refugiados

Evento realizado anualmente é organizado por refugiados e neste ano terá a final no Estádio do Pacaembu, palco de grandes clássicos do futebol brasileiro

Por Géssica Brandino

Equipes de 16 países se preparam para disputar nos dias 16, 17 e 24 deste mês a IV Copa dos Refugiados em São Paulo. O evento chega a sua quarta edição e terá sua final disputada no Estádio do Pacaembu, com entrada gratuita. A Copa é organizada pelos próprios refugiados, por meio da ONG África do Coração, com o apoio da Cáritas Arquidiocesana de São Paulo, Alto Comissariado das Nações Unidas, Cruz Vermelha Internacional e Sesc.

A fase de grupos, com jogos a partir das 10h, acontece no dia 16 no Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador (CERET), no bairro do Tatuapé (confira a tabela dos jogos no final da matéria), e no dia 17 no Estádio Municipal Jack Marin do Parque da Aclimação. A grande final será realizada no Estádio do Pacaembu, domingo (24/9), a partir das 14h. Nesta edição, a Copa conta com o apoio das empresas Sodexo e Netshoes, que fornecerão alimentação e uniforme aos jogadores.

A entrada do evento é gratuita, mas a organização pede àqueles que puderem a doação de um quilo de alimento para ajudar os refugiados que estão no país.

Refugiado participa da II Copa dos Refugiados de 2015, evento que tem crescido ano após ano (Foto: ACNUR / Emiliano Capozoli)

Uma Copa feita por refugiados

A primeira edição da Copa foi realizada em 2014, ano em que o Brasil sediou a Copa do Mundo.  A iniciativa partiu dos próprios refugiados como uma estratégia para chamar a atenção da imprensa, que mostrava apenas a realidade dos refugiados que estavam fora do país. Com o apoio da Cáritas e do Acnur, o evento teve grande sucesso e passou a ser realizado todos os anos, como forma de sensibilizar a sociedade e proporcionar um momento de lazer para refugiados e suas famílias.

Em março deste ano, o evento chegou a Porto Alegre, com oito times e 110 atletas que participaram da disputa na Arena do Grêmio. Para o próximo ano, o intuito é que a Copa seja realizada em pelo menos três estados.

“O futebol é uma linguagem universal que une as raças, os políticos e as religiões. É uma das coisas que leva ao coração humano”, afirma o coordenador da Copa dos Refugiados e da ONG África do Coração, o refugiado sírio Abdulbaset Jarour. Para ele o evento é uma oportunidade para unir refugiados e imigrantes e superar o preconceito, a ignorância e a xenofobia.

Diversos eventos preparatórios foram realizados antes dos jogos deste ano, como a Copa mista mulheres x homens em julho, no Sesc Itaquera e o amistoso para preparar os times, no dia 26 de agosto, no Sesc Osasco. Ali, competiram os times do Líbano, Síria e a final foi disputada entre Togo e Colômbia, com o país africano vencendo o jogo nos pênaltis, após um empate de 2X2, uma pequena amostra de vai ter muita bola balançando as redes na Copa.

Fredy Romero, Ali Jeratli e Tanku Ouroadoyi vieram da Colômbia, Síria e Togo e representam seus países desde a primeira edição do evento, que tem crescido ano após ano. Para Fredy é a oportunidade de divulgar quem são os refugiados. “É muito importante que as pessoas saibam que não estamos fugindo por crime algum, mas nos resguardando para proteger a própria vida. O evento tem um propósito claro de defender os direitos humanos que todas as pessoas têm”, frisa o colombiano, que trabalha como chefe de cozinha e também é fã do esporte e treina com a equipe colombiana no Parque Villa Lobos, na capital paulista.

O amor pelo futebol foi o que motivou Ali a buscar refúgio no Brasil no ano em que o país sediava a Copa do Mundo. Todas as segundas-feiras, ele se reúne com conterrâneos da Síria para jogar e ter um momento de lazer em meio à rotina de trabalho intensa. “Não jogamos só pensando em ganhar. Queremos curtir, nos divertir, jogar juntos e nos conhecer”, reforça Ali, que coordena o curso de árabe da ONG Abraço Cultural, que promove o ensino de idiomas com professores refugiados.

No Togo, Tanku jogava profissionalmente no time Entende 2, da segunda divisão do país, governado por uma ditadura que já dura 50 anos. Em São Paulo desde 2014, ele continua no aguardo do parecer do Comitê Nacional para Refugiados sobre a solicitação de refúgio. Sem o RNE, Tanku não pode jogar profissionalmente no país. Trabalhando como marceneiro, ele vê a Copa como um momento de vivenciar o esporte, ter um pouco de entretenimento em meio a dura rotina em São Paulo, além de conscientizar os brasileiros. “Jogamos por amizade, porque esporte é uma coisa boa”, acredita.

Diferentes histórias reunidas pelo amor à bola numa Copa que reflete o espírito de união entre os povos e de apoio à uma mesma causa.

Participe da Copa dos Refúgiados

16/09, das 10h às 17h
Jogos da fase de grupos:
 Benin X Togo; Síria X Mali; Tanzânia X Camarões; Marrocos X Gana; Colômbia X Gâmbi; Guiné Conacri X Nigéria; RD Congo X Guiné Bissau; e Angola X Iraque.
Local: Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador (CERET)
Endereço: R. Canuto Abreu, s/n – Anália Franco, São Paulo

17/9, das 10h às 17h
Local: Estádio Municipal Jack Marin do Parque da Aclimação
Endereço: Rua Muniz de Sousa, 1119 – Aclimação, São Paulo

24/9, das 14h às 17h
Local: Estádio Pacaembu
Endereço: Praça Charles Miller – Pacaembu, São Paulo
Entrada gratuita, se possível levar um quilo de alimento não perecível

Saiba mais sobre o trabalho da ONG África do coração no site e na reportagem do Migramundo, curta a página no facebook e tenha mais informações sobre a Copa dos Refugiados na página do evento.

Atualizado às 13h de 11/09/2017