Por que os refugiados agora emigram maciçamente para a Europa
(El País, 02/09/2015) A chegada em massa de refugiados à Europa, o maior fluxo migratório registrado desde a Segunda Guerra Mundial, confrontou as autoridades europeias à realidade de uma tragédia de dimensões astronômicas. Apenas entre 1º de janeiro e 1º de setembro de 2015, ao menos 351.314 pessoas chegaram às costas europeias, principalmente à Grécia (234.778 pessoas) e Itália (114.276), seguidas muito de longe pela Espanha (2.166) e Malta (94). Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), pelo menos 2.643 pessoas que tentavam chegar à Europa perderam a vida no Mediterrâneo, embora o órgão não descarte que esse número seja muito maior.
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A guerra da Síria e a expansão do Estado Islâmico: As nacionalidades dos migrantes, principalmente sírios, mas também afegãos, eritreus e nigerianos, fornece a primeira chave para essa chegada à Europa de requerentes de asilo, sem precedentes na história recente. Embora seja verdade que a guerra na Síria já completou seu quarto aniversário, a entrada no campo de batalha do Estado Islâmico (EI) intensificou ainda mais um conflito que já custou a vida de mais de 230.000 pessoas e levou a que 11,5 milhões de sírios abandonassem suas casas, de acordo com a ACNUR (a agência da ONU para os refugiados). O autoproclamado califado controla parte do norte e do oeste do Iraque e mais da metade oriental da Síria, onde impõe um regime de terror para aqueles que não cumprem estritamente a versão mais extremista do islamismo sunita.
Os países vizinhos restringem a entrada de refugiados sírios: Depois de que nos últimos quatro anos centenas de milhares de sírios se exilaram na Jordânia, Líbano e Turquia, esses países começaram a impor restrições às novas admissões, sobrecarregados com a entrada contínua de refugiados. A Turquia já recebeu 1,8 milhão de exilados (2,3% da sua população), a Jordânia 630.000 (9,4%) e o Líbano 1,2 milhão (27,9% de seu censo). Frente às dificuldades para entrar nos países vizinhos, os sírios estão buscando novas rotas para a Europa.
O colapso progressivo da Líbia: A virtual ausência de Estado na Líbia, com dois Governos estabelecidos em cidades diferentes, um em Tobruk (nordeste do país), reconhecido pela comunidade internacional, e outro baseado em Trípoli, controlado pelas milícias rebeldes, favoreceu a expansão das máfias que traficam imigrantes, especialmente subsaarianos. Em abril, um velho barco ocupado, no qual viajavam cerca de 800 pessoas, virou na costa da Líbia. Apenas 28 pessoas sobreviveram.
O uso das redes sociais: O Facebook tornou-se uma importante fonte de informações para aqueles que desejam escapar de seus países. Na rede social é possível encontrar o preço da viagem, incluindo os traslados e os subornos. Nas páginas em árabe é possível achar facilmente números de telefone para organizar uma viagem. Em seguida, o WhatsApp ou o Viber colocam em contato migrantes e traficantes durante o trajeto.
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