Rede virtual de escolas com alunos refugiados vai fomentar a troca de experiências entre educadores (Acnur, 24/11/2016)

Instituições de ensino poderão compartilhar e promover boas práticas de integração de crianças refugiadas no contexto escolar

Trinta e nove escolas que atuam na cidade de São Paulo e na sua região metropolitana e que possuem crianças refugiadas entre seus alunos estão integradas na rede virtual “Cidadãs do Mundo”, lançada pela organização governamental I Know My Rights (IKMR), com o apoio do ACNUR – a Agência da ONU para Refugiados.

“Cidadãs do Mundo”, que reúne escolas públicas e particulares que possuem crianças refugiadas entre seus alunos, foi lançada oficialmente em São Paulo para melhorar o desempenho escolar desta população. ©ACNUR / M.Pachioni
“Cidadãs do Mundo”, que reúne escolas públicas e particulares que possuem crianças refugiadas entre seus alunos, foi lançada oficialmente em São Paulo para melhorar o desempenho escolar desta população. ©ACNUR / M.Pachioni

A rede vai propiciar o compartilhamento e a discussão de boas práticas na integração de crianças refugiadas e solicitantes de refúgio no ambiente escolar, gerando novos saberes e entendimento da temática do refúgio. As escolas e educadores interessados em participar da rede “Cidadãs do Mundo” podem se inscrever pelo site https://goo.gl/forms/vXUpi2i6Wr3pUvuY2

Cerca de 100 crianças refugiadas de diferentes nacionalidades estão matriculadas nas escolas que integram a rede e seu desempenho escolar está sendo acompanhado pela IKMR e pelo ACNUR. O objetivo é analisar este desempenho e encontrar soluções e metodologias para ajudar as crianças refugiadas a vencer os desafios da integração no ambiente escolar. Estas crianças possuem são provenientes de seis diferentes países, têm entre seis e 13 anos e estão distribuídas entre 65 núcleos familiares. Em comum, todas foram forçadas a deixar seus lares e atravessar ao menos uma fronteira para buscar proteção e novas perspectivas em outro país, como no caso, o Brasil.

“O que se pensa normalmente é que as crianças refugiadas vão se adaptar facilmente ao país de acolhida. Mas muitas vezes nem sequer sabemos como estas crianças realmente se sentem diante deste novo contexto e quais são suas reais necessidades”, disse a coordenadora do projeto, a psicóloga Mariana Moreira Alves.

A presença de crianças refugiadas nas escolas brasileiras tem se tornado mais comum, devido ao crescimento da população refugiada no Brasil. Dados do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) de abril deste ano mostram que 12% dos cerca de 9.000 refugiados que vivem no Brasil (além de 2,6% dos cerca de 28 mil solicitantes de refúgio que aguardam uma decisão sobre seu pedido) são crianças e jovens de até 18 anos de idade.

Para Vinicius Feitosa, assistente de Proteção do ACNUR, “torna-se essencial promover a inclusão efetiva de refugiados nos sistemas de educação nacionais, planos plurianuais e currículos, tendo em conta suas necessidades específicas”.

De acordo com relatório Tendências Globais 2015, do ACNUR, 51% do total dos mais de 21 milhões de refugiados no mundo são crianças e jovens de até 18 anos de idade. Outro relatório do ACNUR (intitulado Missing Out – Refugee Education in Crisis), revela que crianças e adolescentes refugiadas têm 5 vezes mais chances de estar fora da escola do que jovens que não são refugiados. Isso representa 3,7 milhões de crianças refugiadas em idade escolar que estão sem acesso à educação.

Por Miguel Pachioni, de São Paulo.

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