São Paulo recebe mostra internacional de cinema sobre refúgio
Por Géssica Brandino
Depois de passar por quatro capitais, a mostra internacional de cinema “Olhares sobre o refúgio” foi aberta ontem em São Paulo, promovida pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) para marcar as celebrações do Dia Internacional do Refugiado. Os filmes que apresentam as diversas realidades vivenciadas por refugiados de diferentes nacionalidades ao redor do mundo serão exibidos diariamente até dia 27, sempre às 19h, no CineSesc. A entrada é gratuita e os ingressos precisam ser retirados com uma hora de antecedência.
Na abertura da mostra foram exibidos cinco curtas: Vidas em trânsito, produção do Sesc que mescla diversas histórias de refugiados no Brasil; o documentário “Bem-vindo ao Canadá”, um curta metragem produzido em 2016 sobre a história de um jovem refugiado sírio que vive naquele país e ajuda outros refugiados recém-chegados a reconstruírem suas vidas; e três curtas produzidos por Sônia Guggisberg, Sonho Migrante, filmado em Malta e Lampedusa, na Itália, com depoimentos de migrantes africanos sobreviventes da travessia pelo mar Mediterrâneo; Ponto de Encontro, filmado na Grécia, apresenta o depoimento de um refugiado afegão que se depara com a fronteira fechada; e Sonho de Skaramanga, com depoimentos de refugiados que vivem nos campos de Kastigas e Skaramanga, na Grécia.
Segundo dados do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), vivem atualmente no Brasil cerca de 10 mil pessoas reconhecidas como refugiadas, de diferentes nacionalidades, sendo a maioria da Síria, Colômbia e República Democrática do Congo. O refugiado sírio Abdulbaset Jarour foi o mestre de cerimônias na abertura da mostra em São Paulo. Estiveram presentes a gerente de estudos e programas sociais, Denise Collus Orlandi, a artista multimídia, Sonia Guggisberg, o cônsul geral do Canadá no Brasil, Stéphane Larue, e o assistente de informação do Acnur, Miguel Pachioni.
Somente em 2016, o Canadá reassentou mais de 46 mil refugiados. O cônsul canadense destacou a experiência de décadas do país na acolhida àqueles que buscam refúgio no país e falou da empatia que precisa existir perante a pessoas nessa condição. “Refugiados são pessoas como nós, com profissões, casa, família. Imagine que você chegou em casa nessa noite e é obrigado a fugir para continuar vivo. É preciso se colocar na pele dos refugiados para então aprender com eles”, frisou.
A acolhida aos refugiados depende das políticas públicas e da conscientização da população sobre a realidade enfrentada por essas pessoas, destacou também o representante do Acnur. “Essas pessoas são como nós e buscam reconstruir suas vidas da melhor forma”, afirmou Miguel Pachioni.
São parceiros da mostra a Embaixada do Canadá no Brasil, o Governo do Rio Grande do Sul, a Prefeitura de Curitiba, o Instituto Oi Futuro, o SESC-SP e o coletivo Bambuo. Também apoiam a realização da mostra a Caritas Brasileira Regional Paraná, a Associação Antônio Vieira, o Instituto Migração e Direitos Humanos, as Caritas Arquidiocesanas do Rio de Janeiro e de São Paulo, o ADUS (Instituição de Integração do Refúgio), a Associação Compassiva, IKMR e instituições de ensino superior vinculadas à Cátedra Sérgio Vieira de Mello. A classificação indicativa da mostra é de 16 anos.
Sobre o Dia Mundial do Refugiado
O Dia Mundial do Refugiado é uma homenagem à resistência e perseverança de milhões de pessoas que foram forçadas a deixar seus locais de origem por causa de guerras e perseguições, buscando em outro país a proteção necessária para reconstruir suas vidas. Em todo o mundo, existem mais de 65 milhões de pessoas forçadas a se deslocar por diferentes tipos de conflitos, sendo que 21,3 milhões são reconhecidas como refugiados.
Serviço:
São Paulo: de 22 a 27 de junho, sempre às 19hs
Local: CineSesc (Rua Augusta, 2.075)
23/06: “Estou com a Noiva” – A produção ítalo-palestina “Estou com a Noiva”, dirigida por Antonio Augugliaro, Gabriele Del Grande e Khaled Soliman Al Nassiry, mostra a saga de refugiados numa viagem de 3.000 quilômetros entre Milão (Itália) e Estocolmo (Suécia), tendo como pano de fundo um casamento fictício.
24/06: “Exodus: de onde eu vim não existe mais” – Com direção de Hank Levine, produção da O2 Filmes, co-produção GloboNews, o documentário “Exodus” revela a história de seis pessoas refugiadas que buscam reconstruir suas vidas em desafiadoras circunstâncias, inclusive no Brasil.
25/06: “A Casa de Lúcia” – O documentário brasileiro “A Casa de Lúcia”, dirigido por João Marcelo e Lúcia Luz, retrata a inesperada viagem de uma refugiada síria que vive no Brasil ao Kuwait, onde ela reencontra seus familiares e evidencia a dificuldade de retornar para um local ao qual já não pertence mais.
26/06: “Terra Firme” – O longa italiano conta a história de um pescador italiano e sua família ajudam um grupo de imigrantes ilegais que ficaram presos em uma embarcação sobrecarregada, e seu barco acaba sendo confiscado pelas autoridades.