Atletas refugiados se apresentam ao Comitê Olímpico Internacional: “É o início de nossas vidas”, afirma corredor sul-sudanês (Acnur – 03/08/2016)
Às vésperas de iniciar sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, a inédita Equipe Olímpica de Atletas Refugiados foi hoje formalmente apresentada ao Comitê Olímpico Internacional.
Às vésperas de iniciar sua participação nos Jogos Olímpicos do Rio 2016, a inédita Equipe Olímpica de Atletas Refugiados foi hoje formalmente apresentada ao Comitê Olímpico Internacional, durante sua 129ª sessão. Mais uma vez, a equipe capturou a atenção do mundo esportivo e passou uma forte mensagem sobre a importância de dar aos refugiados a oportunidade de alcançar seus sonhos e objetivos.
“Sentimos que somos parte do mundo, como seres humanos. Este é o começo de nossas vidas, que serão mudadas para sempre”, afirmou o refugiado sul-sudanês Yiech Pur Biel, 21 anos, que disputará as provas de atletismo na categoria 800 metros. “Obrigado a todos que nos apoiam e que nos deram a change de estar aqui e perseguir nossos sonhos. Somos seres humanos, e não apenas refugiados. Somos como todas as pessoas no mundo”, disse a nadadora síria Yusra Mardini, de 18 anos, que disputará 200 metros nas categorias borboleta e nado livre.
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A Sessão do Comitê Olímpico Internacional reúne todos os seus membros e é considerada o principal órgão do COI. Suas reuniões ordinárias são realizadas anualmente, e a apresentação da Equipe Olímpica de Refugiados aos membros da 129ª Sessão foi a formalização desta iniciativa perante o Comitê.
“A participação dos refugiados nos Jogos Olímpicos é um sinal de esperança para todos os refugiados do mundo. Eles não tinham um país para defender e nem uma bandeira para competir. Agora eles têm. Nós também oferecemos uma casa a eles, a Vila Olímpica. A equipe fará o mundo ficar mais consciente da causa do refúgio, mostrando que todos podem contribuir para a sociedade”, afirmou o presidente do COI, Thomas Bach.
A equipe, que conta com dez atletas refugiados, disputará os Jogos do Rio em nome do COI, defendendo a bandeira olímpica. Eles competirão na natação, judô e atletismo (corrida e maratona). Caso os atletas ganhem medalhas, a famosa bandeira com cinco argolas será erguida, ao som do hino olímpico. A equipe é composta por dois nadadores sírios, dois judocas congoleses, um maratonista etíope e cinco corredores sul-sudaneses.
O Diretor da Solidariedade Olímpica, Pere Miró, afirmou que a Equipe Olímpica de Atletas Refugiados é um símbolo de solidariedade e esperança. “Estamos muito felizes por ter esta equipe nos Jogos do Rio e acreditamos que os esportes podem contribuir para um futuro melhor e promover a qualidade de vida”, disse o diretor, lembrando que há mais de 60 milhões de pessoas em todo o mundo forçadas a se deslocar dos seus locais de origem por causa de guerras, conflitos e perseguições.
Ao discursar brevemente na 129ª Sessão do COI, a nadadora síria Yusra Mardini afirmou que os refugiados “podem fazer e realizar várias coisas”. “Foi difícil deixar nossos países, e não escolhemos o nome de refugiados. Estou contente por ser parte deste time e por representar mais de 60 milhões de pessoas. Esperamos inspirar novos atletas em todo o mundo, não apenas refugiados”, disse Yusra.
A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) é parceira do Comitê Olímpico Internacional nesta iniciativa. A partir de uma solicitação do COI, o ACNUR identificou refugiados em todo o mundo com experiência esportiva e encaminhou os nomes ao COI. A partir daí, o Comitê atuou com as federações e os comitês nacionais em um programa de treinamento dos atletas, culminando com a seleção dos dez refugiados que se encontram no Rio de Janeiro.
Segundo Pere Miró, cerca de mil solicitações foram consideradas na montagem da Equipe Olímpica de Atletas Refugiados. “Mas após uma seleção rigorosa, apenas dez foram selecionados. Eles são refugiados e têm nível esportivo para competir”, atestou o diretor do COI.
A parceria com o ACNUR foi reconhecida pelo COI durante sua 129ª Sessão. “Muito obrigado ao ACNUR. Sem sua assistência, não seria possível selecionar, treinar e organizar a viagem dos refugiados ao Rio”, disse Thomas Bach. “Nossa parceria com o ACNUR foi muito bem recebida por todos os envolvidos”.
A Agência da ONU para Refugiados tem, há mais de 20 anos, uma longa e produtiva parceria com o COI. Desde 1994, as duas entidades atuam juntas no desenvolvimento de projetos que promovem o esporte como fator de desenvolvimento e bem-estar de refugiados, principalmente crianças. Os projetos incluem a construção de espaços para a prática esportiva, o fornecimento de equipamento e programas de treinamento.
Os atletas refugiados, suas respectivas nacionalidades e países de refúgio, e modalidades esportivas, são:
· Ramis Anis, da Síria (Natação, 100 metros borboleta – masculino); vive na Bélgica;
· Yiech Pur Biel, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – masculino); vive no Quênia;
· James Nyang Chiengjiek, do Sudão do Sul (Atletismo, 400 metros – masculino); vive no Quênia;
· Yonas Kinde, da Etiópica (Atletismo, maratona – masculino); vive em Luxemburgo;
· Anjelina Nada Lohalith, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – feminino); vive no Quênia;
· Rose Nathike Lokonyen, do Sudão do Sul (Atletismo, 800 metros – feminino); vive no Quênia;
· Paulo Amotun Lokoro, do Sudão do Sul (Atletismo, 1.500 metros – masculino); vive no Quênia;
· Yolande Mabika, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – feminino); vive no Brasil;
· Yusra Mardini, da Síria (Natação, 200 metros livres e borboleta – feminino); vive na Alemanha;
· Popole Misenga, da República Democrática do Congo (Judô, peso médio – masculino); vive no Brasil;
Por Luiz Fernando Godinho e Miguel Pachioni
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