Conheça Bab Sharki, a plataforma de marketplace para produtos de refugiados
Por Géssica Brandino
Imagine um lugar que ofereça a possibilidade de conexão com diferentes culturas. Essa é a proposta do projeto Bab Sharki, uma plataforma de marketplace para comercializar produtos e serviços dos refugiados e assim oferecer melhores condições de vida no Brasil. Idealizado pela síria Joanna Ibrahim, a incubadora social busca apoio financeiro para se consolidar como uma ferramenta geradora de oportunidades.
O Bab Sharki que inspirou o nome do projeto é uma porta do lado leste de Damasco, que conecta uma mesquita e uma igreja católica, além de ser cercada por uma feira com produtos diversos, exatamente o conceito que Joanna deseja trabalhar na iniciativa, que hoje conta com o apoio de divulgação do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.
Nascida em Damasco, Joanna chegou ao Brasil há dois anos e meio, após fugir da guerra na Síria. Foi acolhida por brasileiros no Paraná, depois se mudou para Juíz de Fora, Minas Gerais, para ajudar no processo de adaptação da avó que havia chegado ao país. Neste ano, com apoio de amigos, decidiu se mudar para São Paulo, a capital do startup, justamente para buscar apoio para o Bab Sharki. Web-designer, ela decidiu criar o projeto de marketplace há um ano e meio, quando estava levantando recursos para ajudar uma família vinda de Allepo. Ela foi ao Rio de Janeiro, fazer contatos com as instituições, e percebeu que era preciso uma ação mais efetiva que garantisse a autonomia desses refugiados.
A primeira ideia foi oferecer consultoria para que os refugiados pudessem desenvolver seus produtos, além de comercializar ingredientes. Nessa fase inicial, a iniciativa participou da edição do Hult Prize, competição internacional para jovens empreendedores de startups, e ficou entre os 300 melhores projetos. A participação permitiu que Joanna conhecesse estudantes da Universidade de Harvard e pudesse repensar o Bab Sharki. A jovem percebeu a dificuldade de refugiados, mesmo aqueles com nível superior, na busca por emprego e decidiu fazer da plataforma um canal para fortalecer o empreendedorismo.
“Tem muita gente que não tem conseguido entrar no mercado de trabalho, porque a cultura é muito diferente, não é difícil só para os sírios, mas para outros migrantes”, reforça Joanna. A ideia da plataforma é justamente dar visibilidade para os projetos realizados pelos refugiados, além de realizar eventos e proporcionar momentos de formação para o aprimoramento das iniciativas, de modo que os empreendimentos tenham sucesso e que os refugiados alcancem a autonomia financeira e possam sustentar suas famílias e se manter no país.
Atualmente, o projeto conta com o apoio de diversos voluntários e uma equipe com profissionais da área de marketing digital, publicidade, administração, inovação, economia e identidade visual, entre eles uma refugiada iraniana que está nos Estados Unidos trabalhando no desenvolvimento do aplicativo para o Bab Sharki.
Como ainda faltam recursos financeiros para estruturar a iniciativa, a equipe fez uma camiseta para levantar recursos, que pode ser adquirida pela internet. Com o apoio de igrejas, o Bab Sharki fez sua primeira feira em São Paulo em junho, reunindo diversos produtos artesanais e culinários feitos por refugiados.
No dia 13 de setembro, Joanna apresentará a iniciativa aos participantes do VIII Seminário da Cátedra Sérgio Vieira de Mello, sediado pela Universidade Católica de Santos, com a presença de pesquisadores de todo o país. São os primeiros passos para alcançar o objetivo de conectar pessoas e melhorar vidas.
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